Num dia duplamente marcado pela importância do Desporto e da Atividade Física, partilhamos o artigo de opinião da nossa Coordenadora Pedagógica na Área do Desporto, Daniela Veiga, que acredita que a Formação em Desporto é uma das soluções para o amadorismo desportivo.
Daniela Veiga, Coordenadora Pedagógica de Desporto
Defendido por uns e evitado por outros, o fenómeno desportivo tende a tornar-se um negócio, que perspetive o lucro e que tenha como objectivo o negócio em desporto. Sabemos que a verdadeira missão do desporto é a promoção de estilos de vida saudáveis, igualdade de género e inclusão social, mas a verdade é que, para conseguirmos levar a sua missão adiante, as organizações têm que apostar cada vez mais nas suas estruturas de base, de formação e ter um modelo de gestão subjacente. A missão tem e deve de ser suportada por um modelo sustentável do ponto de vista financeiro. Pensarmos na realidade das modalidades de outra forma que não esta é ignorar todos os contextos que nos têm sido apresentados e ficar à espera do próximo tombo que as organizações desportivas vão levar.
Depois das fragilidades expostas pela pandemia, a aposta forte no desenvolvimento do desporto em Portugal, na minha opinião, passa por revestir todas as estruturas desportivas amadoras ou semiamadoras, para além da componente desportiva, de uma componente competitiva e comercial. É preciso estruturar este negócio com qualidade e, acima de tudo, capacitar Dirigentes Desportivos, Diretores Técnicos e demais agentes para um modelo de gestão e de direção que lhes permita retomar, de forma profissionalizada e sustentável, as suas estruturas e equipamentos desportivos.
Neste momento, todas as modalidades e clubes desportivos com maior ou menor visibilidade assentam numa vertente desportiva de formação ou competição, independentemente do seu nível, e os Dirigentes continuam a ser amadores ou sem qualificação específica.
Vejamos o exemplo de questões que provavelmente já integram a realidade de alguns clubes, mas que passarão despercebidos para outros tantos, que é a importância da capacitação do quadro técnico dos clubes, no âmbito dos sistemas de gestão da Qualidade. Esta área, num médio prazo, e a certificação dos clubes como Escolas de Formação Desportiva, à semelhança do que já se faz nas modalidades de referência (natação e futebol, por exemplo) é uma das que vai distinguir o trabalho no terreno, a imagem e a sustentabilidade das instituições.
O futuro dos clubes prende-se à importância que os mesmos dão a áreas como a qualidade, a comunicação, o marketing, o planeamento estratégico, a gestão financeira e a análise de dados, que lhes permite agir no mercado e não reagir, como aconteceu com muitos clubes locais e entidades desportivas de atuação distrital, de todas as modalidades.
Apostem na vossa capacitação e nas novas realidades de procura. Apostem em skills para trabalhar com desporto adaptado, um mercado cada vez mais significativo precisamente porque a missão do Desporto em geral é a integração e a promoção do bem-estar e da qualidade de vida. Apostem em vocês, reestruturem-se, continuem a perseguir estes valores, pois é aqui que reside a sustentabilidade das modalidades. Procurem apoios financeiros para vos ajudar a revitalizar, candidatem-se a projectos de desenvolvimento desportivo, organizem eventos desportivos de divulgação do vosso trabalho dirigidos aos públicos mais resistentes, dediquem-se às novas exigências do desporto e às tendências da aposta na igualdade de género, inclusão social e desporto feminino.
Apostem num CCP para poderem dar formação profissional certificada aos vossos recursos humanos ou em entidades formadoras, na área do desporto. Acima de tudo, procurem formas de vos capacitar para a competitividade no mercado, em todas as áreas possíveis. Elevem (ainda mais) o nome das vossas modalidades.
06/04/2021